Desenvolvimento e moralidade
- Jovenart Produtora
- 28 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de jun. de 2022
Paulo Sérgio Silva
Em nossas reflexões, o problema moral aparece, à medida que está relacionado ao desenvolvimento da maturidade. Queremos pensar na vida social e como ela se organiza criando regras de convívio que nos acompanha em todos os momentos, bem como na forma pela qual nós, em nosso processo de desenvolvimento, vamos promovendo nossa trajetória e elaborando nossas críticas em relação a ética e à moral social a nossa volta. Não pretendemos desenvolver nenhuma teoria sobre a construção da moralidade, nem tampouco estabelecer paradigmas de conduta. Os problemas de formação e desenvolvimento, que deveriam ser metas de qualquer processo educativo, merecem nossas reflexões no que se refere ao desenvolvimento da moral.
As discussões anteriores sobre as utopias deveriam ser melhor alicerçadas pelos avanços do conhecimento da psicogênese da moralidade, das propostas da Educação Moral mais contemporâneas, baseadas nas contribuições de muitos pensadores iluministas.[1] Acreditamos que as contribuições epistemológicas dos estudos construtivistas relativas ao desenvolvimento da moralidade são, juntamente com as descobertas da Psicanálise, uma herança significativa deste século XX para as futuras gerações. As concepções presentes nessas duas linhas de pensamento podem transdisciplinarmente contribuir para ações educativas. Acreditamos também, que pela necessidade atual, não seja tão urgente desenvolver pesquisas relativas à psicogênese da moralidade, mas sim colocar em prática as idéias e teorias acumuladas pelo legado dos grandes pensadores iluministas.
Em nossa construção argumentativa, partimos da Filosofia socrática em busca de um padrão máximo de virtude ( areté ), construído nos questionamentos da vida cotidiana, acerca das certezas irrefletidas, e também pela arte do diálogo ( dialética ). Agora, iremos abordar as contribuições de Jean Piaget e Lawrence Kohlberg para a ampliação metodológica e empírica desse processo. O psicólogo suíço, Jean Piaget, desenvolveu uma teoria psicológica do desenvolvimento do raciocínio e da construção da inteligência que foi muito difundida nos meios acadêmicos. No entanto, suas pesquisas relativas à psicogênese da moralidade não alcançaram tanta popularização. Nos últimos anos, uma publicação significativa deste tema vem crescendo em várias partes do mundo. Aqui no nosso país, poucos estudos têm sido efetuados e pouquíssimas publicações estrangeiras têm sido traduzidas. Em seu livro O juízo moral na criança, publicado pela primeira vez em 1932, encontramos uma recomendação na Advertência, colocada logo no início, para que outros psicólogos se o desejarem, retomem as pesquisas ali iniciadas. Nessa advertência, Piaget declara:
A moral infantil esclarece, de certo modo, a do adulto. Portanto, nada é mais útil para formar os homens do que ensinar a conhecer as leis dessa formação [2]
A formação moral ocorre durante nossa vida toda, mas na infância e na adolescência ela é crucial. A educação moral é familiar, é social e cultural. Tradicionalmente e historicamente a punição foi colocada como metodologia na educação moral. O diálogo e a reflexão sobre os atos imorais são o melhor caminho. Quando erramos devemos procurar concertar nossos erros. Se alguém faz mau para outra pessoa, o correto é procurar concertar o erro fazendo o bem, e de preferencia para aquele que sofreu o dano, e não recebendo uma punição. Não é pelo medo da punição que devemos ser educados e sim pelo respeito as regras morais que sustentam o bem viver em sociedade.

[1] Recentemente publicadas no Brasil, duas obras de um mesmo autor esclarecem o debate sobre o desenvolvimento da moralidade e suas relações entre a Pedagogia e a Psicologia: Josep Maria Puig, A construção da personalidade moral; e Ética e valores: métodos para um ensino transversal. [2] Jean Piaget, O Juízo moral na criança, p. 22.
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