top of page

Escola

  • Foto do escritor: Jovenart Produtora
    Jovenart Produtora
  • 28 de jun. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 29 de jun. de 2022




Paulo Sérgio Silva


Na escola, percebemos sua atuação como responsável pela reprodução de normas e valores sociais, e, conseqüentemente, mantenedora do contexto social. A escola, seja ela pública ou privada, é uma das instituições cujo processo socializador, é responsável em nossa sociedade pela manutenção do status quo de seus membros. Podemos verificar uma remuneração diferenciada, paga aos professores nas diferentes unidades de ensino público ou privado, retratando por exemplo, a economia de mercado inserida no seu interior. Mesmo que seu público alvo seja diferente, percebemos questões que são comuns em quase todas as escolas: a escola de que falamos não é uma escola neutra, ela atua como instrumento de dominação cultural, e salvo algumas exceções, ela é portadora de um autoritarismo e tecnocratismo, é legitimadora das contradições sociais. Seus membros hierárquicos (diretores, professores e funcionários) são desunidos, concorrentes e não solidários, reproduzindo assim, um reflexo da sociedade como um todo. Por trás da finalidade de transmissão dos conhecimentos acumulados pela cultura, está a não conscientização das crianças e dos jovens sobre a crítica e seu papel no mundo. Ao preparar o jovem das classes subalternas para o mundo do trabalho, ela reproduz sua condição social, mantendo seu status social inalterado. Alguns professores são reconhecidos como autoridades por alguns alunos, graças ao seu conhecimento e à relação de respeito que mantêm com eles. Esses professores são minoria, e o mais freqüente é uma relação artificial e de autoritarismo. Segundo Bárbara Freitag[1], o Estado procura impor uma política de uniformização e “massificação”, através da escolha de profissões, limitando as leituras dos estudantes e privando-os, ostensivamente, do direito de reflexão, fato que também ocorre nas escolas privadas.

Ao observarmos como os adolescentes são tratados nas escolas, no que tange às suas obrigações disciplinares e normativas, quanto aos seus comportamentos e atitudes, e até mesmo em relação ao conteúdo curricular, percebemos uma enorme dificuldade da instituição no que se refere à compreensão do desenvolvimento da fase pela qual estão passando. Dentro e fora da sala de aula, é comum nos depararmos com cenas de profundo desconhecimento do universo psicossocial do jovem adolescente. Geralmente, ele é tratado como criança. Percebendo tal situação, o jovem pode fingir ser criança ou se rebelar. Ambas as atitudes são prejudiciais. No caso de se fingir de criança, aprende desde cedo a técnica da representação social de papéis. A sua rebeldia, por sua vez, apresenta-se como destruição das regras sociais estabelecidas pelo convívio, mas não a substituição por outras mais capacitadas para seu desenvolvimento moral ( o famoso rebelde sem causa ). Podemos chamar de auto-educação o fato de alguns adolescentes, não conseguindo encontrar espaço para serem eles mesmos, procurarem, em outras esferas institucionais ou com algum professor mais sensível, o espaço necessário para encontrar e produzir sua identidade. Tal fenômeno também ocorre na família, célula embrionária da afetividade mais intensa que um ser humano pode experimentar. É no interior desse palco da gênese do simulacro[2] que vamos perceber os maiores conflitos relativos ao desenvolvimento dos adolescentes. Estará em jogo a sua capacidade de resolução ou não de tais conflitos, a sua capacidade de romper com os valores repressores estabelecidos, ou pior, de tornar-se um frágil e dependente ser humano que perambula pelas ruas das nossas cidades.





[1] Barbara Freitag, Escola, estado e sociedade. p. 27. [2] O termo refere-se a cultura das aparências e do disfarce. Vivemos numa cultura de massa, na qual, cada vez mais, esta dicotomia entre a aparência e a essência configuram o cenário da barbárie, criando assim a patologia social. Não podemos expressar nossas emoções, nossos pensamentos, chegando um momento em que nos tornamos atores, representando os papéis autômatos, causando muitas doenças sociopáticas, psicossomáticas e de ordem fóbicas, como as síndromes do pânico, cada vez mais incidentes. Construímos uma sociedade sádica e narcísica tendo o grotesco como espetáculo.

 
 
 

Comments


Post: Blog2_Post

(11) 998749749

Formulário de inscrição

Obrigado(a)

©2022 por Psicoidentdade. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page