Preconceitos e o tratamento
- Jovenart Produtora
- 19 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Simone Mattos
Muitas vezes percebemos a dificuldade que o ser humano tem de procurar e aceitar um tratamento com profissionais da área da saúde mental. O que acaba acontecendo é o indivíduo procurar vários tipos de tratamento antes de chegar a estes profissionais. Procuram os clínicos gerais com queixas de dores pelo corpo, como por exemplo, dores de estômago, enxaquecas, prisão de ventre, desmaios e outros. O médico procura realizar alguns exames e receita alguma medicação, que resolverá o problema por algum tempo; mas logo esse indivíduo volta a procurá-lo e ele perceberá que o problema pode ser emocional, então encaminha-o para um profissional da saúde mental. A pessoa reluta muito para aceitar, pois o que ela ouviu falar é que esse profissional só cuida de gente louca e se ela for procurá-lo, com certeza as pessoas vão achar que ela está louca. O que acaba acontecendo é o indivíduo ficar com receios de ser estigmatizado como uma pessoa louca, que necessita de acompanhamento com um profissional da área da saúde mental e, por fim, ser excluída do seu ambiente social. Nossa sociedade, com dificuldade para conviver com as diferenças, necessita criar estratégias de exclusão e confinamento, como é o caso dos manicômios para os loucos. De acordo com Frayse-Pereira (1984) essa visão de confinamento e segregação vem desde o renascimento, onde os loucos eram colocados num navio e levados de uma cidade para outra. Muitas cidades da Europa receberam muitos desses navios e aqueles que embarcavam os loucos queriam ver-se livres deles e excluí-los de seu ambiente social.
As pessoas que carregam o estigma do louco parecem carregá-lo para sempre. Para o ser humano, é difícil lidar com a loucura, pois esta causa-lhe medos e receios. Para Erving Goffman (1980) o estigma é uma marca negativa, um atributo negativo, e a pessoa estigmatizada presta uma colaboração aos ditos normais, no sentido de fazê-los sentirem-se mais normais. Ele atribui três tipos de estigma, o primeiro está relacionado às deformidades físicas, o segundo está relacionado ao comportamento do indivíduo e suas opções, como por exemplo: o homossexualismo, o alcoolismo, a doença mental, e outros. O terceiro está ligado a inserções tribais, de raça, de nação, de classe social e religião.
É interessante o ser humano sempre avaliar seu comportamento no sentido de não estar contribuindo para que a exclusão e o preconceito sigam adiante, e nem se envergonhar por estar com dificuldades emocionais, pois somos seres humanos, que estamos receptivos para isso. Cuide-se bem.

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